terça-feira, 20 de novembro de 2007

GNR agride piquete de Greve da Valor Sul

Onde é que isto vai parar?
Para quem ainda tinha dúvidas do autoritarismo, prepotência e opressão deste [e de qualquer um] governo basta ficar perplexo com mais um episódio de despotismo levado a cabo pelos cães de guarda do sistema, a mando dos "nossos" representantes. Os trabalhadores da Valor Sul, aquando o exercício de um direito inalienável foram, duma forma cobarde e ilegal, "empurrados, arrastados, esmurrados" numa clara tentativa, mais uma, de intimidação e amedrontamento dos trabalhadores. Não pensem que defendo teorias conspirativas, isto é mais que uma conspiração. É um ataque deliberado e sem precedentes, no Portugal pós-74, aos direitos e ao bem-estar de todos nós. Recordando acontecimentos passados, não muito distantes, designadamente os vergonhosos acontecimentos da Covilhã e de Montemor, podemos estar certos que cada vez mais são actuais as palavras de M. A. Pina :
Primeiro despediram os funcionários públicos, mas eu não me importei, Não sou funcionário público. Depois proibiram a greve dos professores, mas eu não sou professor. Depois proibiram a manifestação dos militares, mas eu não sou militar. Depois foram os juízes, os polícias, os enfermeiros, mas eu não sou juiz, nem polícia, nem enfermeiro. Agora estão a bater-me à porta, mas já é tarde! (Adaptado de Brecht).
Mas não é só. Para se ter a ideia de como o poder económico anda de mão dada com o poder político, foi publicado hoje (numa tentativa de denegrir a imagem dos trabalhadores) um anúncio de meia página pela administração da Valor Sul, num jornal de referência nacional. Anuncio esse que tenta descrebilizar completamente os seus próprios trabalhadores e com vista, sem dúvida, a colocar contra estes os munícipes dos concelhos abrangidos, em particular, e a opinião publica em geral, que cada vez se mostra mais permeável e sem qualquer sentido critico. Um dos pontos salta logo à vista e, se o caso não fosse sério, tínhamos aqui boas horas de gargalhada. Desde logo o título: " Trabalhadores com maiores remunerações querem manter horas extraordinárias desnecessárias", passando pelo ponto 2 onde afirma que a remuneração média anual global dos 78 trabalhadores em greve é de 40.837 (sic) euros, o que dá qualquer coisa como 3.000 euros por mês - Alguém acredita que estes trabalhadores têm remuneração deste montante? Depois, e num clima de sobressalto à população em geral afirmam que se tudo continuar na mesma, remunerações e trabalho suplementar, isto traduzir-se-á na factura suportada pelos munícipes. Tal táctica, que já foi testada com êxito nos funcionários públicos, visa quebrar qualquer laço de solidariedade com estes trabalhadores. É o famoso: "dividir para governar".
Contra tal estratégia apenas a solidariedade entre tod@s os trabalhadores, apenas a "nossa auto-organização e a nossa acção directa", apenas a nossa "autonomia, unidade, democracia directa, visão colectiva e cooperação entre nós tod@s" poderão suster e fazer recuar tal ofensiva.
Andarilho Indigente

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